POEMA – O menino de arame farpado

Confira o poema de Dagnon Odilon da Silva, agente da CPT em Barra do Garças (MT) e educador da Campanha Nacional da CPT de Combate ao Trabalho Escravo.

Aquela pedra do menino

Mudo e calado

Aquele homem

Amarrado com arame farpado,

Imóvel como o coração do latifúndio,

Triste, como o coração dos marginalizados,

Fragilizado, como a minha fé.

 

O silêncio constante do vazio,

Esperando o grito: liberdade!

 

Aquela pedra do menino de arame farpado,

Marcado pela riqueza do rei do gado,

Rasgada como a mente dos produtores de soja,

Empobrecida no que realmente é viver.

 

Lutador, realmente, no quesito sobreviver.

A pedra do menino mudo e calado,

Chorando o sangue

Que jorra das plantações do trabalho escravo.

 

Não és de pedra, talvez de madeira, de carne.

De sangue estás manchado, calado, sofrendo,

Com as dores dos mártires do cerrado.

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