Encontro reúne famílias impactadas pelas mudanças climáticas no Acre e sul do Amazonas
Momento foi de compartilhar informações sobre o clima, projetos produtivos e organização das famílias e comunidades do Acre e sul do Amazonas. Foto: CPT Acre

Nos dias 11 e 12 de dezembro, um encontro em Boca do Acre/AM reuniu dezenas de pessoas de comunidades impactadas pelas enchentes na divisa entre os estados do Acre, sul do Amazonas e ponta do Abunã (divisa com Rondônia). No encontro “Mulheres e Homens fortalecendo seus quintais”, o momento foi de compartilhar informações sobre mudanças climáticas, projetos produtivos e sobre organização e comercialização coletiva da produção.
Na região, que também faz fronteira com a Bolívia, comunidades inteiras vêm sofrendo com os ciclos de cheias e secas contínuas, em consequência das mudanças do clima. As enchentes e estiagens, a cada ano mais intensas, trazem impactos para milhares de famílias ribeirinhas, muitas delas com a perda de casas, lavouras, ferramentas de trabalho e utensílios para a produção de alimentos, a pesca e o transporte.
Diante desta situação, um dos projetos realizados pela CPT Regional Acre, apoiado pela Campanha da Fraternidade 2024 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vem desenvolvendo formas de geração de renda para as comunidades. “Desde a pandemia, a CPT foi uma das primeiras a perceber que as famílias estavam tendo dificuldades para o deslocamento, aquisição de remédios, comercialização nas feiras, e outras realidades. E com as emergências climáticas, a situação ficou ainda mais alarmante, porque muitas perderam tudo com as enchentes”, relembra Darlene Braga, agente da CPT Acre.

Ao todo, são desenvolvidos 42 projetos produtivos também com o apoio de diversas entidades parceiras como CESE, REPAM, Misereor e Adveniat, nas áreas acompanhadas pelo regional. O atendimento é realizado de acordo com a necessidade de cada família: horta comunitária, casa de farinha, beneficiadora de arroz, barcos comunitários, artesanato, despolpadeira de açaí e diversas outras iniciativas de produção coletiva. Ao mesmo tempo, são trabalhados momentos de formação, para fortalecer a organização comunitária, a produção e a comercialização nas comunidades.
A perspectiva é de continuidade no acesso aos projetos, uma vez que a demanda é grande e insuficiente para ser atendida. O contexto de mudança climática é desesperador, pois já são esperadas situações de emergência e calamidade pública mais intensas a cada ano.
“Quando chega a enchente, é hora de a equipe fechar o escritório e entrar no rio, indo a campo junto com as comunidades, movimentos e organizações. Mas depois que a emergência passa, as pessoas se esquecem, os apoios diminuem e a demanda continua grande de limpeza, reconstrução e reestruturação das vidas das pessoas. Por isso, trabalhamos a organização das famílias e comunidades, entendendo que sobreviver às mudanças climáticas é um ato político de resistência. Produzir alimentos, se alimentar, cuidar da saúde, tudo isso é um ato político”, relembra Darlene.
Ao final do ano, o momento é de avaliar como está a realidade nos territórios, em que avançaram, o que as comunidades estão precisando. Avaliações e aprendizados importantes para a caminhada.
Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional),
com informações da CPT Regional Acre
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