Apesar de denúncias, madeireiros seguem invadindo territórios camponeses em Timbiras (MA)

Na semana passada, a Pastoral, juntamente com moradores, denunciou invasão à comunidade São Francisco; nesta semana, foi a vez da comunidade Cercado  

Por Everton Antunes (Comunicação CPT Nacional)

Arma de fogo encontrada nas imediações da comunidade Cercado, em Timbiras (MA),
nesta terça-feira (16). Foto: Acervo Comunidades de Timbiras (MA)

Após denúncias da extração ilegal de madeira na comunidade São Francisco, em Timbiras (MA), divulgadas pela CPT Maranhão no início deste mês, camponeses trouxeram a público novas invasões de madeireiros a uma comunidade vizinha. Segundo relatos dos trabalhadores rurais, quatro indivíduos ultrapassaram o território de Cercado para extrair cerca de 28 peças de madeira nesta terça-feira (16). 

“A gente pediu a eles que não levassem as madeiras. E eu disse a eles que a gente ia botar um piquete na estrada. Eles estavam armados, tinham duas espingardas, mas pegamos eles de surpresa. Eles não reagiram”, conta um camponês que, por motivos de segurança, optou por não se identificar.

“Não querem abrir mão da madeira e a gente não quer deixar eles tirarem. Estamos no meio desse fogo cruzado”, acrescenta. Diante desse cenário, a vítima da ação dos madeireiros conta que os moradores recorrem às autoridades coletivamente, por meio de registros de ocorrência e denúncias, porém “ninguém vem nos ajudar, e estamos aqui ‘peitando’ esse povo [sozinhos]”.

O camponês também aponta que ex-funcionários do Poder Público de Timbiras encontram-se em conluio com os ruralistas da região e adquirem a madeira derivada da extração ilegal nos territórios. “Nem pensar! Nós não temos o apoio do município”, lamenta.

Antecedentes

No dia sete de dezembro, o regional maranhense da CPT denunciou a invasão de madeireiros à comunidade São Francisco. Porém, o conflito entre os latifundiários, madeireiros e as 23 comunidades de Timbiras – estas, ocupadas por mais de 400 famílias – se arrasta há quase 25 anos. 

Nesse período, moradores relatam que as denúncias foram levadas a cabo por meio de registros de ocorrência, que se acumulam em mais de 20 boletins; no entanto, os trabalhadores rurais de Timbiras seguem sem resposta ou qualquer auxílio. Atualmente, quatro camponeses das comunidades do município estão inseridos no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos (PPDDH).  

Leia também: Comunidade São Francisco, em Timbiras (MA), denuncia extração ilegal de madeira dentro do próprio território

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