Projetos apoiados pela CPT também foram contemplados a partir da Campanha da Fraternidade 2025

No final de novembro, o Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou o resultado da quarta reunião do ano, de avaliação de projetos que se cadastraram para receber recursos da Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e lema “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31).

Ao longo do ano, 234 projetos foram aprovados para receber os recursos do fundo de solidariedade, recebendo, juntos, um total de R$ 7.236.241,90. Foram beneficiadas diretamente 201.446 pessoas e indiretamente 717.523, num total de 918.969 pessoas apoiadas.

Os valores liberados em cada projeto variam entre R$ 20 mil a R$ 40 mil. Dentre as entidades que receberam recursos para desenvolverem projetos e apoiarem famílias e comunidades, estão associações quilombolas, pesqueiras, vazanteiras, ações junto aos povos indígenas, migrantes, pessoas em situação de rua e outras populações.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) também teve projetos aprovados, tanto em âmbito nacional quanto em ações regionais, relacionadas ao cuidado com a Casa Comum e a Ecologia Integral. Nacionalmente, a campanha contribuiu com o V Congresso Nacional realizado no mês de julho em São Luís, reunindo mais de mil pessoas, entre Povos, comunidades e campesinatos, agentes pastorais e lideranças de comunidades de todo o país, celebrando os 50 anos de atuação e definindo ações estratégicas para o presente e o futuro da caminhada da Pastoral.

Recursos levantados durante a Campanha da Fraternidade apoiaram atividades como o V Congresso Nacional da CPT, realizado em São Luís (MA). Foto: Renata Costa / CPT NE2
Recursos levantados durante a Campanha da Fraternidade apoiaram atividades como o V Congresso Nacional da CPT, realizado em São Luís (MA). Foto: Renata Costa / CPT NE2

“A solidariedade dos católicos e católicas que doam com fraternidade, fortalece as causas de transformações sociais. O apoio na realização do V Congresso favoreceu uma vivência e protagonismos entre povos e comunidades camponesas vindas de todas as regiões do país. Foi uma bonita colaboração com a causa dos empobrecidos e empobrecidas do campo”, afirma José Carlos Lima, da Coordenação Nacional da CPT, sobre a importância deste apoio para o Congresso.

Em Minas Gerais, Campanha da Fraternidade mobiliza produção de alimentos e sementes

Em âmbito regional, foram aprovados recursos para o projeto “Sementes de Esperança: rede de agrobiodiversidade do Médio São Francisco”, em Minas Gerais, e o apoio à 36ª Romaria da Terra e das Águas de Alagoas.

Em Minas, o projeto tem como objetivo a salvaguarda da agrobiodiversidade e o fortalecimento da soberania alimentar das comunidades vazanteiras do Médio São Francisco, sendo desenvolvido através de parceria entre a CPT, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as comunidades e o Kaipora – Laboratório de Estudos Bioculturais, da UEMG/UFMG. Até outubro de 2026, serão cerca de 250 famílias de 8 comunidades beneficiadas diretamente.

“A casa de semente em construção será um espaço de formação, encontros e também armazenamento das sementes crioulas”, afirma Emmanuel Almada, agente voluntário da CPT/MG.

Fraternidade e Ecologia Integral em Alagoas, denunciando o crime da Braskem

Já em Alagoas, a 36ª Romaria da Terra e das Águas reuniu, no dia 05 de outubro, centenas de pessoas da zona urbana e rural, na área afetada pelo maior crime socioambiental em solo urbano do mundo, em Maceió (AL). A caminhada percorreu bairros atingidos pela mineração de sal-gema da petroquímica Braskem, que levou ao afundamento do solo e com ele casas, igrejas, ruas e comunidades inteiras. Mesmo com o soterramento de sonhos e vidas,  a resistência segue pulsando, com a força da memória e da esperança do povo atingido.

Em Alagoas, a 36ª Romaria da Terra e das Águas reuniu, no dia 05 de outubro, centenas de pessoas da zona urbana e rural, na área afetada pelo maior crime socioambiental em solo urbano do mundo, em Maceió (AL). Foto: Lara Tapety - CPT/AL
Em Alagoas, a 36ª Romaria da Terra e das Águas reuniu, no dia 05 de outubro, centenas de pessoas da zona urbana e rural, na área afetada pelo maior crime socioambiental em solo urbano do mundo, em Maceió (AL). Foto: Lara Tapety – CPT/AL

“O povo camponês traz seu exemplo para a cidade, para que os sem teto, os despejados e os expulsos de sua casa pela criminosa Braskem vejam na luta do campo um espaço de esperança. Porque o povo de Deus marcha, mas marcha em busca da vitória, marcha em busca da Terra Prometida, porque ‘Deus viu que tudo era muito bom’, e a Braskem quis destruir, quis matar o povo, mas o povo é de Deus e não permite que isso ocorra”, afirmou o pastor Valdenício Santos (Vando), da Igreja Batista da Alegria.

O assessor de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul, aponta que, nas quatro reuniões de avaliação e aprovação de projetos de 2025, se destacaram iniciativas de transição energética, energias renováveis, iniciativas agroecológicas e de desenvolvimento sustentável. Ao todo, previamente às quatro reuniões realizadas pelo FNS ao longo de 2025, foram recebidos 779 projetos na plataforma de inscrição. Destes, 539 foram validados para passarem à fase seguinte de análise e avaliação. Para passarem à fase seguinte, 280 projetos foram considerados aptos.

“O Brasil está traduzindo a Ecologia Integral com ações concretas”

O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, em sua avaliação já após a primeira reunião do Fundo, pontuou ter ficado surpreso sobre o quanto o Brasil está se mobilizando para realizar os projetos sociais voltados ao tema da Campanha da Fraternidade 2025, que é Ecologia Integral.

“O Brasil assumiu, de fato, com alegria o tema da Ecologia Integral. E está sabendo traduzir o tema da Campanha não só no tempo da Quaresma, mas também para uma dimensão concreta de expressão da fé, no qual as comunidades abrem seus espaços para organizar melhores propostas em relação à ecologia, ao cuidado do planeta, ao zelo e cuidado com as pessoas, povos tradicionais, grupos escolares, comunidades paroquiais, entre outros”.

O que é o Fundo Nacional de Solidariedade?

O Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) é o fundo criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em Itaici-SP, na 36ª Assembleia Geral, em 1998. Ele tem por objetivo promover a sustentação da ação sócio caritativa da Igreja no Brasil, através do auxílio financeiro a projetos sociais em todo o território brasileiro, de acordo com o tema da Campanha da Fraternidade.

Com o mesmo objetivo, foram criados também os Fundos (Arqui)Diocesanos de Solidariedade (FDS ou FAS). Seus recursos provêm da Coleta da Nacional da Solidariedade, realizada em todas as comunidades católicas do Brasil, no Domingo de Ramos, como gesto concreto da Campanha da Fraternidade e partilha das nossas renúncias quaresmais. A destinação da Coleta é feita da seguinte forma:

  • 60% do total arrecadado permanece nas (arqui)dioceses e constituem o Fundo (Arqui)Diocesano de Solidariedade (FDS ou FAS), que é gerido pela própria (arqui)diocese, em vista de sua aplicação nas ações e projetos sociais estabelecidos dentro do território (arqui)diocesano.
  • 40% do total arrecadado é enviado à CNBB e constitui o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que é gerido pelo seu Conselho Gestor, com o auxílio dos Departamentos Social e Financeiro da CNBB, e aplicado em ações e projetos sociais presentes em todo o território brasileiro.

Transparência e gestão na Campanha da Fraternidade 

A aplicação dos recursos obedece rigorosamente aos eixos estabelecidos no Edital anual, bem como aos aspectos técnicos, administrativos e jurídicos, conforme a legislação brasileira.

Os dados detalhados dos repasses e a prestação de contas podem ser acompanhados no site do FNS: fns.cnbb.org.br .

Confira também:

21.01.2025 – CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025: CONHEÇA O TEMA, A IDENTIDADE VISUAL E A ORAÇÃO

14.04.2025 – UMA CHAMADA ALARMANTE PARA O CUIDADO COM A CRIAÇÃO

Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional),
com informações de Willian Bonfim (ASCOM CNBB)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *