Comunidade Padre Tiago realiza 2º Festa da Macaxeira para celebrar a fartura da agricultura camponesa e a luta pela Reforma Agrária
Texto e imagens: Setor de comunicação da CPT NE2

A comunidade camponesa posseira Padre Tiago, situada no Engenho Una, em Moreno (PE), transformou a produção e a colheita da macaxeira em uma celebração de fartura e de defesa da agricultura camponesa e da Reforma Agrária. No último domingo, 19, as famílias agricultoras da localidade realizaram a 2º edição da Festa da Macaxeira, que este ano teve como tema: “Preservar as raízes ancestrais que alimentam a vida”.
A macaxeira é um dos alimentos mais cultivados pelas cerca de 50 famílias que vivem na comunidade há gerações. Dessa raiz, tudo é feito pelos agricultores e agricultoras: beiju, farinha, tapioca, bolos, pães, cuscuz de mandioca, goma, entre outras delícias. A celebração durou todo o dia e foi marcada por muito forró, oficinas de farinha na Casa de Farinha comunitária, oferta de todos esses alimentos beneficiados da macaxeira, além de muita produção agroecológica. Centenas de pessoas compareceram ao local, vindas de comunidades vizinhas, da cidade de Moreno, de outros municípios da região e de grupos de corrida e ciclismo que periodicamente realizam turismo rural na comunidade.

As famílias decidiram organizar a Festa da Macaxeira pela primeira vez em 2019, antes da pandemia, para dar visibilidade à larga produção e ao beneficiamento do alimento feito no local. Mas não é só isso! Os agricultores e agricultoras da comunidade Padre Tiago também organizaram a Festa para dar visibilidade à luta pela Reforma Agrária. Maurício Silva, agricultor e integrante da associação comunitária, explica que “a importância da Festa da Macaxeira é para mostrar nossos produtos da macaxeira, toda a nossa agricultura camponesa, nosso trabalho, nossa cultura. Como somos posseiros, essa festa também tem a importância de divulgar a luta pela Reforma Agrária. É com a Reforma Agrária que podemos conseguir a desapropriação das terras onde vivemos”, enfatizou.
As famílias da comunidade Padre Tiago lutam pelo direito de permanecerem nas terras em que vivem e trabalham. Desde 2011, elas reivindicam do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a desapropriação do imóvel, vinculado à antiga, desativada e endividada Usina Bulhões. Apesar de já ter se passado 14 anos desde o início das reivindicações, até o momento o Incra ainda não efetivou a desapropriação do imóvel. As famílias seguem resistindo no local, com muita produção de alimentos, luta e organização comunitária. Por isso, a festa da Macaxeira é ao mesmo tempo a celebração da fartura e da agricultura camponesa e também um ato para reafirmar a luta por Reforma Agrária, por terra partilhada e por justiça social.


