Indígenas pressionam governo por retirada completa de garimpeiros da terra Munduruku

Carta foi apresentada durante a V Assembleia do Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ, de 15 a 18 de setembro. Foto: Divulgação
Carta foi apresentada durante a V Assembleia do Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ, de 15 a 18 de setembro. Foto: Divulgação

Mais de 300 indígenas Munduruku do Alto Tapajós, no Pará, incluindo caciques, lideranças, pajés e crianças, entregaram nesta quarta-feira uma carta a representantes do governo Lula cobrando a manutenção das operações de retirada de invasores em seu território.

Entre os presentes no encontro, estiveram secretários, diretores e coordenadores de três ministérios (Povos Indígenas, Meio Ambiente e Direitos Humanos) e da Funai.

O documento foi apresentado durante a V Assembleia do Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ, realizada na aldeia Caroçal Cururu, entre os dias 15 e 18 de setembro. A carta denuncia que, mesmo após a desintrusão feita em 2024, garimpeiros nunca saíram por completo e outros já retornaram, estimulados pela alta do ouro.

Segundo o texto, a equipe responsável pela desintrusão foi retirada do local sob alegação de que concluiu a primeira fase. Mas os indígenas denunciam que garimpeiros voltaram à região e afirmam que a Funai está sucateada. Eles cobram estrutura, formação técnica e apoio às suas organizações.

Os Munduruku relatam ainda o agravamento de insegurança alimentar, falta de assistência médica, desnutrição infantil e casos de contaminação por mercúrio. Segundo eles, as comunicações oficiais do governo sobre a desintrusão “não refletem a realidade em terra”.

O grupo pleiteia um cronograma de retomada das ações, presença permanente de fiscalização e proteção das lideranças ameaçadas. Também pedem planos de vida que ofereçam alternativas ao garimpo ilegal e garantam segurança alimentar, hídrica e cultural às comunidades.

A Terra Indígena Munduruku abrange 2,4 milhões de hectares, onde vivem mais de 9,2 mil indígenas. A situação atual evidencia a necessidade urgente de ações efetivas para proteger os direitos e a integridade do povo Munduruku diante da invasão de seu território.

Segue a Nota completa:

Confira também:

30.07.2019 – POVO MUNDURUKU EXPULSA MADEIREIROS DE SEU TERRITÓRIO DURANTE AUTODEMARCAÇÃO

28.05.2021 – NOTA PÚBLICA – TRAGÉDIA DA GARIMPAGEM EM TERRITÓRIO INDÍGENA MUNDURUKU: DESCORTINAR É PRECISO

11.06.2024 – CARTA DO POVO INDÍGENA MUNDURUKU EXIGINDO A DESINTRUSÃO DE GARIMPEIROS ILEGAIS DO TERRITÓRIO

Por Rodrigo Castro (O Globo),
com edição de Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)

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