“Tudo será bom, se cuidarmos da Casa Comum”: Mandirituba recebe a 35ª Romaria da Terra do Paraná
Por Heloisa Sousa | Comunicação CPT Nacional
Imagens: Abai

Acolhida pela diocese de São José dos Pinhais, no município de Mandirituba, a 35ª Romaria da Terra do Paraná foi realizada no dia 17 de agosto. Romeiros e romeiras foram motivados pelo tema “Diversidade camponesa cuida da terra, promove a vida” e o lema “Tudo será bom, se cuidarmos da Casa Comum”. O encontro, realizado pela CPT regional Paraná, com parceria da Associação Brasileira de Amparo à Infância (Abai), contou com a participação de cerca de 1.500 fiéis de todas as regiões do estado.
Esse ano, a romaria foi realizada integralmente dentro do espaço da Abai, buscando a reflexão sobre a Ecologia Integral e os dez anos encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco. “Nós denominamos esse espaço como um certo santuário. A Abai realiza um processo de recuperação de pessoas dependentes químicos e também de educação de crianças e adolescentes vulneráveis da região. Só que tanto o processo de recuperação quanto o processo de educação são extremamente integrados às questões da natureza”, explica Dirceu Fumagalli, coordenador da CPT Paraná.
A programação se iniciou às 07h, com acolhida e café da manhã comunitário. Em seguida, às 09h, romeiros e romeiras iniciaram a caminhada interna, que contou com momentos de celebração, bênção e implantação da cruz, conectando espiritualidade sintonizada com a Ecologia Integral e o cuidado com a Casa Comum e com a vida. Pe. João Maria Rodrigues Stech, vigário geral da Diocese e pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus de Mandirituba, acolheu os participantes em nome do bispo diocesano.



Também esteve presente Dom Marcos José dos Santos, bispo de Cornélio Procópio; Dom Manoel João Francisco, bispo emérito da mesma diocese; e Dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina, presidente do Regional Sul 2 da CNBB e bispo referencial da CPT no Paraná, que refletiu: “Assim como a natureza é diversa, também o nosso povo é diverso. Tudo está interligado na Casa Comum. O cuidado com a criação é parte do nosso seguimento de Jesus”.
Vivências
Às 10h30, os participantes se dividiram em grupos para conhecer as diversas experiências de cuidado e preservação da Casa Comum realizadas pela Abai. O espaço conta com horta agroecológica, roça comunitária, a Casa da Semente, viveiro, espaço de compostagem, entre outros. Também puderam se conectar à Reserva Mãe da Mata, que fica a quatro quilômetros de sua sede e possui uma área de 57 hectares, constituída por vários ecossistemas como várzea, campo e floresta com Araucárias.
Dirceu conta que o momento de imersão permitiu a percepção de que o cuidado com os animais, com as pessoas, com as plantas, com as sementes está interligado. “A intenção era fazer com que as pessoas tivessem um dia de vivência em diversas experiências onde a vida é valorizada e preservada. Então é na horta, é na floresta, no potreiro, na nascente, na casa de sementes, no plantio em mutirão. Então essas experiências todas que tem nesse território foi de fato essa escuta de como é toda essa pedagogia com as crianças, da recuperação das pessoas integrando com a vida”.



Na parte da tarde, a Romaria da Terra com almoço e socialização das vivências. Em seguida, foi realizada a troca de sementes, que foram trazidas pelos romeiros de diversos territórios, simbolizando a partilha e a continuidade da vida.
Para Dalva de Paiva, da comunidade Paróquia Nossa Senhora Rainha, no município de Atalaia (PR), a Romaria da Terra é um momento de oração, fé e reflexão. “É algo muito profundo porque não é algo que se efetua apenas no dia do evento, é um processo pedagógico que leva a participação das comunidades, nos leva ao conhecimento das realidades, dos desafios, das conquistas que se tem a cada dia em relação a terra, em relação a produção, em relação aos conflitos”, conta.
A agricultora e agente da CPT-PR fala ainda da relação do Evangelho e cuidado com a Casa Comum: “Viver nossa fé não está só na oração, mas na ação, no cuidado, na busca de perspectiva de vida. A realização da romaria com todos os seus significados e símbolos, nos faz refletir, por exemplo, sobre o verdadeiro sentido da cruz de Jesus, que são os sofrimentos, a caminhada, mas depois a esperança, a vida nova. Tudo que a Mãe Terra passa, que a humanidade sofre com falta de alimento, pelo envenenamento, mas que depois nos leva a plantar uma nova esperança que vai brotar a vida nova”, reflete Dalva.


