As mãos que construíram o V Congresso: a contribuição de agentes, voluntários e monitores que tornou o evento possível
Quase 200 pessoas se dividiram entre tarefas de infraestrutura, monitoria e demais funções

da Equipe de Comunicação Antônio Canuto para o V Congresso Nacional da CPT
Entre os dias 21 e 25 de julho, São Luís (MA) recebeu pouco mais de mil pessoas para a realização do V Congresso Nacional da CPT. Ao longo dos cinco dias de atividades intensas e partilhas entre os povos e comunidades do campo ali reunidos, uma equipe de cerca de 200 pessoas – entre profissionais, monitores e voluntários da Pastoral e de organizações e movimentos parceiros – trabalhou para garantir o bom andamento deste momento de reflexão e celebração da CPT.
Segundo a equipe de Infraestrutura do V Congresso, somente na Equipe de Animação participaram 33 pessoas. Além disso, trabalharam na Infraestrutura, Segurança e Limpeza grupos de 21, 17 e 20 pessoas, respectivamente. A Equipe de Monitores, por sua vez, foi reforçada por cerca de 46 voluntários/as na execução de tarefas como o credenciamento dos participantes, o auxílio nas tendas e o apoio com informações.
“Esses dias de trabalho foram maravilhosos para mim, pois eu tive a oportunidade de conhecer e ajudar pessoas de diversas partes do Brasil”, declarou Amélia Rodrigues, que integrou a equipe de monitoria do V Congresso, na função de credenciamentos dos participantes, bem como no auxílio em outras demandas.
A quinta edição do Congresso Nacional da CPT foi feita a partir das mãos e esforços de voluntários e voluntárias que, diariamente, se distribuíram na missão de orientação dos participantes, fortalecimento da comunicação do evento, na alimentação e no compromisso com a inclusão e acessibilidade.
Ressoando resistência e profecia em todo lugar: A Comunicação no Congresso

A partir de parceria desenvolvida com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), alunos da graduação em Jornalismo se somaram à equipe de comunicação do V Congresso, a fim de auxiliar nas ações de cobertura do evento – por meio da fotografia e do registro de vídeos.
Para Flávia Moura, professora de jornalismo da UFMA, essa parceria significou uma oportunidade de aperfeiçoamento das lições aprendidas na universidade. “São vários aspectos que os alunos ganham ao colocar em prática esses ensinamentos aprendidos na Universidade. Eles também têm acesso a diálogos interessantes acerca da questão de conflitos pela terra no Brasil, de comunidades tradicionais. São vozes que, dificilmente, os estudantes têm condição de ouvir quando estão só no âmbito da universidade”, explica.
Estudante de jornalismo da UFMA, John Itallo também se somou à Equipe de Comunicação Antônio Canuto – que empresta o nome do comunicador, escritor e membro histórico da CPT, falecido em dezembro de 2024. “Estar inserido nesse contexto me possibilitou compreender melhor a importância de uma comunicação ágil, clara e humanizada. Sem dúvidas, essa vivência contribuiu de forma significativa para meu crescimento profissional e pessoal”, destacou o universitário.
Também fez parte das ações de comunicação a Rádio Poste Leandro Santos – assim nomeada em homenagem ao comunicador popular da Comunidade Quilombola Cocalinho, em Parnarama (MA), que dedicou a vida à luta pelos direitos dos povos e territórios quilombolas. Camponeses e camponesas, indígenas, povos de terreiro, ribeirinhos e ribeirinhas se aproximavam da rádio comunitária, a fim de trazer denúncias, cantos e sabedorias populares, além de debates sobre o direito à terra.
“Cabe destacar o protagonismo das juventudes dos povos camponeses, tradicionais e indígenas, que assumiram postos de apresentadores, produtores, entrevistadores, cantores, tocadores e articuladores da Rádio”, afirma Bruno Alface, jornalista da Equipe de Comunicação Antônio Canuto que supervisionou a iniciativa.
Fernando Gabriel Soares, 19, camponês do estado de Rondônia e membro do Coletivo de Juventude do estado da Região Norte do país, também destaca a participação efetiva dos povos e comunidades tradicionais na Rádio. “Ter um espaço onde as populações tradicionais poderiam apresentar suas lutas, experiências e culturas, sendo ainda entrevistados por pessoas de suas realidades foi algo magnífico”.
Alimentando a luta: as Cozinhas que trouxeram os sabores da resistência

Divididas de acordo com as grandes regiões da Pastoral – Nordeste, Noroeste, Norte, Centro-Oeste, Sul-Sudeste e Maranhão –, as seis cozinhas do V Congresso reuniram 48 pessoas no preparo das refeições que alimentavam, dia e noite, os participantes. Cada cozinha conduziu os trabalhadores, trabalhadoras e agentes a uma viagem pelos sabores do Brasil, ao trazer o tempero característico da respectiva região.
“Foi de grande alegria ver a nossa comida do Goiás fazer um sucesso. Era muito prazeroso ver as pessoas saboreando e gostando do nosso cardápio. Eu também apreciei as comidas de outros estados e amei o conhecimento”, descreveu Glacimeire, trabalhadora rural que integrou a Cozinha Centro-Oeste na ocasião do V Congresso.
Jailson Tenório, agente pastoral da CPT-AL, contribuiu na coordenação da Cozinha Nordeste e fala sobre os laços de amizade criados entre os voluntários e participantes. “Na cozinha, foi criada uma grande amizade. Todo mundo era amigo lá, mulheres e homens. Se alguém chegasse querendo comer e não tivesse comida, a gente fazia. Foi uma sensação muito boa “.
A Boa Nova da Justiça, o cego viu e o surdo escutou: Acessibilidade nas transmissões ao vivo

A fim de garantir a acessibilidade dos debates e reflexões desenvolvidos durante o V Congresso para pessoas surdas, a transmissão do evento no YouTube e as atividades da Grande Plenária contaram com tradução simultânea em Libras. Raimunda Costa, da Pastoral dos Surdos do Maranhão (PSMA), esteve presente no Congresso e se voluntariou para a tarefa.
“Participar do V Congresso da CPT como Intérprete de Libras voluntária foi uma ótima experiência, porque demonstra preocupação do Evento com a acessibilidade e inclusão das pessoas com surdez”, observa. Ainda de acordo com ela, a presença de intérpretes de Libras é fundamental para a garantia do respeito e cidadania de indivíduos surdos.