Lançamento da publicação “Conflitos no Campo Brasil 2024” na Paraíba ocorre dia 12 de agosto, em Campina Grande
Violência no campo paraibano se intensifica com avanço de parques eólicos

Acontece no dia 12 de agosto, às 9h, o lançamento estadual da publicação Conflitos no Campo Brasil 2024, no Museu de Arte Popular da Paraíba (conhecido como Museu dos Três Pandeiros), em Campina Grande.
A atividade é realizada pela CPT em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A programação inclui momento de mística, mesa de análise dos dados com professores universitários e representante da CPT, e a “fila do povo”, espaço para relatos e reflexões de camponeses e camponesas.
Estarão presentes na mesa Cecília Gomes, da coordenação nacional da CPT; e os docentes Marcos Mitidieiro (UFPB) e Luciano Albino (PPGDR/UEPB).
O evento marca também os 50 anos de atuação da Comissão Pastoral da Terra no Brasil e os 10 anos da encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, que chama atenção para o cuidado com a “casa comum”.
Invasões de território crescem quase 900% na Paraíba
Os dados de 2024 revelam uma nova face da violência no campo paraibano: as invasões de território. Em apenas um ano, o número de famílias atingidas saltou de 383 para 3.708, um aumento de quase 870%. A maior parte desses casos está relacionada ao avanço de parques eólicos em áreas de agricultura familiar, quilombolas e assentamentos da reforma agrária.
Sob o discurso de “energia limpa”, empresas se instalam sem consulta às comunidades, alterando radicalmente o cotidiano de quem vive e produz nessas regiões. Moradores relatam sintomas físicos e psicológicos causados pela proximidade das torres eólicas, fenômeno conhecido como “síndrome do aerogerador”, já pesquisado pela Fiocruz.
Um modelo que expulsa e outro que resiste
Além das invasões, o relatório mostra que os conflitos por terra diminuíram em número, mas cresceram em impacto: menos ocorrências, porém mais famílias atingidas. Já os conflitos por água e trabalho escravo apresentaram queda, mas a CPT alerta que isso pode estar ligado à subnotificação e silenciamento das denúncias.
A publicação aponta o embate entre dois projetos de sociedade: o da concentração de terras e recursos, promovido por grandes empreendimentos, e o da resistência dos povos do campo, que lutam por dignidade, território e justiça social.
Conflitos no campo Brasil
Esta é a 39ª edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, elaborada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) por meio do seu Centro de Documentação Dom Tomás Balduino. Editada pela primeira em 1985, a publicação se tornou referência nacional e internacional e instrumento fundamental de denúncia das violências cometidas cotidianamente contra os povos do campo, das águas e das florestas no Brasil. Na publicação, é possível encontrar dados sobre conflitos por terra, conflitos pela água, conflitos trabalhistas, trabalho escravo, tipos de violências contra a ocupação e a posse e tipos de violência contra a pessoa, como os assassinatos e as ameaças de morte. Também estão disponíveis na publicação diversos artigos e análises dos dados levantados.
Serviço
Data: 12 de agosto (terça-feira)
Hora: 9h
Local: Museu de Arte Popular da Paraíba (Museu dos Três Pandeiros)
Endereço: R. Dr. Severino Cruz, s/n – Centro, Campina Grande – PB
Realização: CPT Nordeste 2, UFPB, UEPB e MAPP
Mais informações: comunicacaocptne2@gmail.com / @cptne2 (Instagram)