Violência e destruição na Zona da Mata Sul de Pernambuco

Horror, tensão e destruição. Essas são as palavras que definem a vida de 1.200 famílias camponesas posseiras que vivem em cinco comunidades localizadas na área rural do município de Jaqueira, Zona da Mata Sul de Pernambuco. 

Fonte / Imagem: CPT Nordeste II

Estas famílias enfrentam um conflito de terra provocado pela empresa Negócio Imobiliária S/A, que vem praticando ações ilegais e violentas com o intuito de inviabilizar a presença dos camponeses e das camponesas nos locais em que vivem há mais de setenta anos.

A situação mais recente ocorreu na última segunda-feira, dia 19, por volta das 10h, em uma das cinco comunidades, denominada Barro Branco. Na ocasião, funcionários da Negócio Imobiliária S/A destruíram as plantações do sítio do trabalhador rural Antonio Luis da Silva, além de parte da mata que protegia uma fonte d’água da família. 

Segundo informações dos agricultores que registraram o ocorrido, os funcionários da Negócio Imobiliária vinham proferindo ameaças, desde a semana passada, de que realizariam tais destruições.

Entenda o conflito

Em 2017, a empresa passou a ser cessionária de arrendamento (possui um subarrendamento) de parte das terras pertencentes à falida Usina Frei Caneca. São cerca de cinco mil hectares localizados no município de Jaqueira que estão subarrendados para que a empresa desenvolva atividade pecuária. 

É nesta área em que vivem as 1.200 famílias distribuídas em cinco comunidades denominadas Caixa D’água, Barro Branco, Laranjeira, Fervedouro e Várzea Velha. Estas famílias vivem e produzem alimentos no local há mais de 70 anos, e desde 2013 reivindicam a regularização de suas posses junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

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Desde que a empresa chegou à área, os camponeses e camponesas destas comunidades relatam situações de intimidações, destruições e queimadas de lavouras, destruição de fontes d’água, ameaças e perseguições. 

Segundo informações locais, as violências são promovidas pelo corpo de funcionários da empresa, composto por policiais militares aposentados que rondam as comunidades portando pistolas e algemas. Mais de 30 Boletins de Ocorrência já foram feitos pelos agricultores e agricultoras na Delegacia de Jaqueira. 

Atualmente existem cerca de 30 ações possessórias que visam à expulsão de famílias das terras em que vivem. O caso já foi denunciado ao Ministério Público Estadual, ao Incra, ao Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe), à Prefeitura Municipal de Jaqueira, à Câmara de Vereadores e Vereadoras do município, à Diocese de Palmares e a Deputados e Deputadas Estaduais. O poder judiciário também foi alertado das atitudes truculentas e ilegais da empresa.

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