Entidades e movimentos sociais se solidarizam com o povo hondurenho

camponesesA CPT-MT e outras entidades, movimentos sociais e a sociedade civil organizada divulgam carta de repúdio à situação vivida pelos camponeses em Honduras e o recente assassinato dos advogados Antonio Trejo e Eduardo Díaz, defensores dos direitos humanos e da luta dos campesinos hondurenhos pela retomada de suas terras.

 

 

 

 

CARTA DE REPÚDIO

“Não há nada mais subversivo que o cadáver de um mártir”

(Pedro Casaldáliga)

 

As veias abertas da nossa América Latina não se fecharam. E não são somente os Estados imperiais os causadores destas aberturas nas terras e nos corpos, mas, em um mundo capitalista, as empresas participam intensamente.

Na divisão Internacional do Trabalho e do respectivo produto, a América Latina ficou com a função de alimentar o mundo, lavoura e pecuária, e este mundo se reduz à Europa e aos Estados Unidos. Esta é a nossa riqueza e por consequência, nosso respectivo pesadelo. Este é o sofrimento atual de Honduras: produzir alimentos e energia para estrangeiros e/ou elites nacionais, com a usurpação das terras dos campesinos e a privatização. Essa levada ao extremo numa proposta empresarial nova e absurda de ocupação territorial capitalista através da criação das cidades autônomas dentro do próprio país, com sua própria polícia, leis e sistemas fiscais.

Por isto o enfrentamento e a luta do povo hondurenho e os assassinatos, que gritam: ‘en la lucha por la vida y la tierra’. E entre os mais de 60 assassinados estão, recentemente, os companheiros advogados dos Direitos Humanos Antonio Trejo e Eduardo Díaz, os quais acompanhavam a vida e luta dos campesinos hondurenhos pela restauração de suas terras, sua sobrevivência enquanto classe, e pela soberania alimentar do país. Porém, este não é o projeto do governo e dos empresários nacionais e internacionais do agronegócio, mas a produção de commodities. Assim, a perseguição e o sofrimento do povo aumentam e vidas são constantemente ceifadas para que o lucro e a ganância continuem se estabelecendo.

Repletos de indignação, nós, Entidades e pessoas da sociedade civil organizada do Estado do Mato Grosso, Brasil, expressamos o nosso REPÚDIO ao histórico de negação da soberania popular no Estado hondurenho. Somos solidários, sentimos em nossos corações o sofrimento que está no coração do povo de luta hondurenho, pois sofremos com a mesma realidade de violência, prisões, calúnias e assassinatos no campo brasileiro.

Acreditamos mesmo que “não há nada mais subversivo que o cadáver de um mártir”. O sangue derramado de mulheres e homens que lutam pelos Direitos Humanos e da Terra é a prova concreta e verdadeira de suas denúncias.

Cuiabá, 02 de outubro de 2012.

Assinam as Entidades:

Comissão Pastoral da Terra, CPT – MT.

Movimento Sem Terra, MST – MT.

Centro Burnier Fé e Justiça

Conselho Indigenista Missionário, CIMI – MT

Movimento Nacional de Direitos Humanos

Sociedade Fé e Vida

Comunidades Eclesiais de Base – CEB’s Regional Oeste II – CNBB

Grupo Raízes

Fórum de Lutas das Entidades de Cáceres – FLEC

Rede Matogrossense de Educação Ambiental – REMTEA

Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD

Instituto Caracol – IC

Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA-UFMT.

Centro de Pastoral do Migrante

Associação Matogrossense Divina Providência

Escritório de Direitos Humanos da Prelazia de São Félix do Araguaia

Instituto Humana Raça Fêmina – INHURAFE

Centro de Direitos humanos Henrique Trindade

Operação Amazônia Nativa – OPAN

Grupo Sementes

Associação Brasileira de Homeopatia Popular – ABHP

Centro de Estudos Bíblicos – CEBI- Setor Baixada Cuiabana, MT.

Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB/MT

Associação Brasileira de Saúde Popular – ABRASP – Bio Saúde

Assinam Pessoas:

Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia – MT.

Paulo Santos Gonçalves, padre na Prelazia de São Félix do Araguaia – MT.

Roberto Tadeu Vaz Curvo – Defensor Público – Brasil.

Pablo Gabriel Lopes Blanco, Provincial dos Agostinianos. 

Rosécio Alves Santana, padre da Prelazia de São Félix do Araguaia – MT.

Adriano Ciocca Vasino, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia – MT.

Paulo Lemos, Ouvidor-Geral da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso.

Herman de Oliveira, Educador Ambiental. 

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